BATMAN/ALIENS
ATENÇÃO!
Este texto contém altos spoilers da edição “Batman/Aliens”.
Depois não diz que eu não avisei.
Lá no distante ano de 1979, no mesmo mês em que Margaret Thatcher se tornava Primeira-Ministra do Reino Unido, os norte-americanos conheciam seu próprio monstro.
Estreava nos cinemas o filme Alien.
Dirigido pelo Ridley Scott, o filme foi um divisor de águas.
(sei que é clichezão dizer que algo foi um divisor de águas, mas nesse caso foi sim)
Anunciado pelo slogan “lá no espaço ninguém pode ouvir teu mimimi”, a história oferecia uma certa erotização do medo. A começar pela nave Nostromo, com suas portas vaginais e seu computador interno, o “Mãe”, como se fosse um ser vivo. Temos também uma criatura que se prende ao rosto da vítima, insere seu.. hã.. negocinho.. garganta abaixo, e implanta um embrião no corpo do hospedeiro. Praticamente um estupro alienígena.
Além disso, Alien inova com seus personagens, que não eram cientistas geniais, astronautas corajosos.. mas sim trabalhadores, pessoas normais como você e eu.
Entre eles, a primeira protagonista mulher de um filme de ficção científica, Ellen Ripley.
Alien acompanha a tripulação da nave Nostromo, que ao retornar à Terra em animação suspensa, é acordada por um sinal desconhecido vindo de um planetoide próximo. Lá, eles encontram uma nave extraterrestre caída, ovos estranhos, um bicho-parasita-medonho e muita confusão.
Além de ser um dos filmes favoritos deste colunista que aqui escreve, Alien foi um puta dum sucesso, rendendo – até agora – três sequências (uma boa, as outras bem méh), um prequel (com muito potencial desperdiçado), dois (péssimos) encontros com o Predador, um filme em desenvolvimento (previsto para 2017), livros, jogos de video-game e uma boa franquia nos quadrinhos, que desenvolve um pouco mais a mitologia da criatura.
“Puta merda foda-se isso tudo, eu pensei que isso aqui fosse um site sobre Batman e que vocês falassem sobre Batman porraaan!”
Calma, cara. o.O
Nos quadrinhos, os Aliens já tiveram sua parcela de crossovers, como por exemplo mantendo a rixa com os Predadores, encontrando o Exterminador do Futuro, destruindo o Stormwatch (e sendo indiretamente responsáveis pela criação do Authority), brigando com o Superman, conhecendo alguns Lanternas Verdes, e claro, tretando com nosso astro maior, a estrela deste site, a onipresença máxima quando se trata de crossovers, na obra em 2 partes hoje sagazmente conhecida comoooooo:
BATMAN/ALIENS
Escrita pelo Ron Marz e desenhada pelo Bernie Wrightson, a HQ é extremamente simples. O Batman está investigando um desaparecimento em uma floresta no Golfo do México, onde (depois de lutar contra – e vencer – um crocodilo gigante, por motivos de “Batman”) dá de cara com um grupo de mercenários em uma missão para o governo: encontrar e explorar uma nave caída no pântano.
Mas claro que o Batman, com sua simpatia característica e seu humor radiante, aceita com muita gratidão a companhia do grupo em sua investigação.
Chegando na nave, o que eles encontram são corpos preservados, com o tórax estourado, e tudo aquilo que a gente sabe que vai ter em uma história do Alien.
A coisa mais legal no filme Alien, que a maioria do que veio depois parece ter se esquecido, é que o que torna tudo tão assustador é o suspense em relação à criatura. Você não sabe onde ela vai estar, você não sabe exatamente como ela é. Ela demora mais que a metade do filme pra dar as caras, só aparecendo por inteira no final.
É esse o verdadeiro medo. O medo daquilo que você não vê, o medo do desconhecido.
Batman/Aliens entende isso. O ritmo da história é bem legal, o clima vai sendo construído aos poucos. Primeiro a nave. Um corpo. Depois alguém desaparece. Outro corpo. Daí o desaparecido se torna um hospedeiro ainda vivo.
E enfim, tudo isso culmina no que todos esperavam.
Daí pra frente se torna uma história de sobrevivência, com o Batman precisando lidar com seus próprios medos para sair vivo. Mas claro, ainda com muitas mortes, traumas do passado voltando à tona, um templo Maia subterrâneo, mortes, traições, um Alien-crocodilo gigante, mortes, Batman se mostrando fodão, mortes…
Não tem muito erro, a história é exatamente aquilo que se espera de um confronto entre o herói e os Aliens. Enquanto o primeiro número desenvolve o clima de terror, o segundo foca na ação mais explícita.
Partindo disso, traçando um paralelo, podemos dizer que o primeiro número é o primeiro filme, Alien, enquanto o segundo número representa a sequência, Aliens, dirigida pelo James Cameron.
Ah sim, eu mencionei que tem um Alien-crocodilo gigante?
O mais interessante sobre o Alien é que, analisando a fundo, ele não é um ser mau. Ele é apenas uma criatura que age de acordo com seu instinto de sobrevivência. O parasita que sai do ovo da Rainha necessita de um hospedeiro para depositar o embrião. É por isso que eles matam. Não por prazer, mas por instinto. Porque, tal como um tubarão ou um crocodilo, eles são assim.
É nesse ponto que toca o monólogo final do Bruce. O Alien é perigoso por si só. Mas seria ainda mais perigoso se caísse nas mãos erradas, tornando-se uma arma. Enquanto o Alien age por instinto, o ser humano é calculista. O ser humano é mau.
É um ponto bacana proposto pelos filmes, que o roteirista Ron Marz aproveita aqui.
A HQ é basicamente isso. Ela ganha quando se atém ao básico do básico.
Apesar de não explorar muito bem alguns de seus próprios plots, Batman/Aliens entrega uma história bacana, interessante e divertida, especialmente em sua primeira parte.
Entendendo seus personagens, e dando ao leitor o que realmente interessa:
Suspense, violência, mortes, e o Batman sendo o Batman.
Pra mim ta bom.
Quê?
Ah, comenta aí.